
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingandode dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ourocom raios de translucidez.
Que não me entendam pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu, por falso respeito humano,não dei.
Mas aqui vai o meu berrome rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundocom o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
Faço minhas essas palavras...