topbella

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

ELA


Olhos perfeitamente delineados, lábios delicadamente coloridos.

Sorriso encantador, doçura contagiante.

Assim desfila aquela mulher na rua. Quem a vê sente sua segurança, se rende ao seu charme.

Alegre, está sempre a cumprimentar alguém. Simpática, está sempre a receber elogios, carinhos.

Passos leves, não tem pressa de chegar, apenas chegará.

Até que vem a noite, e a água morna que cai sobre ela revela seus segredos. Lábios trêmulos e nus prendem o grito de desespero que tenta fugir junto as lágrimas que lavam seus olhos. Sorriso diluído em água e sal, doçura passiva de quem não quer se mostrar.

Liberta-se nesse instante toda a insegurança que se escondia por trás de toda a maquiagem e expressão quase mecânica. Ali, percebe-se que todas as suas saudações matinais são meras palavras que esboça, sem dar a elas o real significado. Ali percebe que mesmo equilibrando-se em duas pernas, sua alma rasteja.

É no silencio da noite que ela traça um novo caminho, pois sabe que não chegou a lugar algum, e nem sabe se realmente chegará.

Nos poucos momentos de sensatez que ainda lhe resta, pode observar o quanto coisas tão claras e óbvias se escondem nas frases feitas, no som da música alta e nas imagens que lhe rouba a atenção.

Na companhia mais sincera – a própria-, consegue direcionar seu olhar e filtrar toda a verdade e todo adorno existente. E dói. Dói perceber que a ilusão mais bonita foi alimentada unicamente por ela mesma, por que só ela tem o poder de alimentá-la, é dela a decisão de acreditar ou não.

E é assim, nesse momento cruel que ela mostra pra si que a grande muralha é apenas ruína, maquiada com sorriso perfeito e olhares milimetricamente desenhados.

4 comentários:

São disse...

Sempre usamos uma máscara...o pior é se a usamos mesmo para nós.

Um abraço carinhoso, minha linda.

Anônimo disse...

Que profundo...
Acho que ninguem é realmente o que demonstra. A maioria de nós escondemos nossa fraqueza. Isso dá a impressão de que somos mais fortes. Que tolos nós somos.

Juliano Reinert disse...

Adoro esse teu lirismo. Acho lindo.
E o texto retrata exatamente como muitas pessoas se sentem hoje em dia. Se escondem atrás dos personagens de si mesmos enquanto desabam em lágrimas pela solidão que a sociedade impõe, em seus quartos. Mais uma vez, solitário.

Natália Mylonas disse...

Eiii... posta maaaais =))

Beiijos.

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