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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Das cartas que você nunca lerá



Essa é só mais uma daquelas cartas que você nunca lerá, numa tentativa falha de voltar no tempo e falar tudo o que não foi dito nesses anos. Eu só queria registrar o quanto tudo isso é injusto e o quanto aquela máxima que diz que a vida não é justa é tão verdadeira e fiel a realidade. 
Não é justo. Não é justo comigo mesma pensar tanto em você nos últimos dias  tentando imaginar seu trabalho, seu cotidiano, sua vida. Não é justo comigo que nessa história toda o meu mundo tenha se afunilado enquanto o teu tenha se expandido. Não é justo que só você tenha tido um final feliz.
Não é justo que a vida não tenha parado, estática no tempo...
Sabe, meu bem, hoje eu sou loira. Sou uma pedagoga concursada na área que eu tanto queria. Eu ainda ouço MPB, ainda adoro chocolate e ainda durmo tarde.
Não tenho mais ido a praia com tanta frequência, não tenho mais a mesma melhor amiga e não me apaixonei mais. Também não chorei mais... Aquela melancolia infundada desapareceu.
Lembro-me que você queria mudar o mundo e me pergunto se conseguiu ao menos mudar as coisas ao seu redor. As vezes é bem complicado, não é?
Talvez pela proximidade da data tenho me surpreendido pensando em você, imaginando você, lembrando de você. Meus pés ainda doem a noite e sentem falta de suas massagens. As vezes meu corpo sente falta do teu peso e então eu me sinto sozinha. 
Ainda tenho lido demais, me contentando com romances dos personagens do livro, imaginando o porquê não acredito mais que isso possa ser real. 
Ainda te odeio. Não, eu não te odeio, mas deveria odiar e isso me assusta. Me assusta pensar que será sempre assim. Me assusta pensar que tenha roubado meu encanto, minha leveza, minha capacidade de acreditar.
Preciso dizer que voltei a beber. Lembra de quando nos conhecemos? Tudo que eu mais queria naquela noite era uma cerveja. Ainda bebo cerveja. E vinho, e ice e coquetéis coloridos, o que me faz lembrar que amanhã será dia de brindar. Quatro anos se passaram e eu sobrevivi, mesmo acreditando que morreria. Quatro anos se passaram e algumas feridas continuam iguais. Quatro anos se passaram e eu estou aqui, no mesmo blog, com uma boa dose extra de sentimentalismo barato, que tende a desaparecer com os dias...
Brindemos então. Brindemos a mim, brindemos a você... Brindemos a mais uma carta que você nunca lerá.
Tintim! 

4 comentários:

@Francisquices disse...

Ai ai, dessas cartas que a gente faz e não mando. rsrs

O Árabe disse...

Estas são as cartas mais sentidas... aquelas que para nós mesmos escrevemos. :) Boa semana, MáH!

O Árabe disse...

Boa semana, amiga. Aguardo o novo post! :)

Jesi Alves disse...

Nossa, eu entrei aqui no blog e acabei não resistindo em comentar esse post mais antigo. Quantas cartas eu escrevi pra não ser lida!... Amei mesmo esse texto! Você escreve de uma forma gostosa de ler. Vou sempre passar por aqui. Bjs!

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